sábado, 20 de fevereiro de 2010

Prefeitura deixa 4 mil sem escolas


A rede municipal de Educação não teve como garantir escola para mais de quatro mil alunos no período de matrículas de 2010. As informações foram repassadas pelo secretário municipal de Educação, Elias Nunes, que disse também que a Secretaria já tem estratégias para que essas crianças não fiquem sem escola. “Temos uma rede de convênios com escolas particulares que nos ofertam vagas ociosas”, diz. Elias Nunes afirmou que faltam escolas municipais e que o problema é antigo e já conhecido da Secretaria.

O levantamento final sobre o número exato de crianças deve ser repassado para Elias Nunes na próxima segunda-feira. Os alunos que não conseguiram matrículas foram cadastrados para futuro remanejamento para as escolas do convênio. No ano passado, a Secretaria Municipal de Educação trabalhou com cerca de 30 escolas conveniadas. A perspectiva é que esse número aumente em 2010, com cerca de 40 escolas fazendo parte do convênio. A Secretaria Municipal de Educação tabela o valor repassado para cada escola. “Não importa se é uma escola pequena ou grande”, diz Elias. A maior parte do déficit está na Educação Infantil.

Além disso, a Secretaria pretende alugar prédios e adapta-los para receber alunos de algumas comunidades. Atualmente, existem seis prédios selecionados. “Os próprios diretores de escola chegam até nós com sugestões de locais que podem ser alugados. São escolas que foram fechadas ou casas e prédios comerciais que podem ser adaptados”, diz Elias Nunes.

O motivo para a falta de vagas na rede municipal é simples: faltam escolas. “Não há como apontar outra coisa”, diz o secretário. O problema é agravado com um aumento da demanda nas escolas municipais. Enquanto em 2009 a rede tinha 56 mil alunos, este ano o número deve chegar à casa das 60 mil crianças. Para tentar atender a essa demanda crescente, a Secretaria de Educação planeja o início da construção de dez novas escolas em 2010. Dessas, seis devem ser licitadas no início de março. “Essas escolas devem ficar prontas ainda estse ano. Imaginamos atender cerca de cinco mil crianças com esses novos equipamentos”, diz Elias.

As novas escolas serão nos seguintes bairros: duas no bairro Potengi; duas no Pitimbu; uma em Guarapes; uma no bairro Lagoa Azul, loteamento Nordelândia; uma no Assentamento Leningrado; uma em Riomar, loteamento do bairro Pajuçara; e outras duas na Zona Norte, ainda sem local definido. As seis primeiras escolas da lista entram na licitação prevista para o mês de março. Todas essas são Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI´s), que atendem crianças de seis meses a cinco anos e 11 meses, onde está localizada a maior parte da demanda por escolas no Município.

Faltam material de limpeza e papel higiênico nas escolas

Às vésperas de iniciar o ano letivo – não fosse a greve dos professores iniciada ontem – as escolas municipais têm que lidar com um grave problema: a falta de material de expediente e limpeza. A Secretaria Municipal de Educação não repassa o valor referente à compra de material de limpeza, serviços básicos, papel, caneta, papel higiênico, enfim, de todo o material de consumo que faz uma escola funcionar desde o início de 2009. Segundo Elias Nunes, todas as escolas foram afetadas.

Uma delas é a Escola Municipal Celestino Pimentel, localizada no bairro da Cidade da Esperança. Lá as aulas haviam sido previamente adiadas indefinidamente pela falta de condições de funcionamento da escola. Além da ausência de material, a escola convive com duas fossas estouradas desde agosto do ano passado. O fim do último semestre letivo conviveu com o mau cheiro. “Mandamos 14 correspondências para a Secretaria de Educação informando que não tínhamos mais condição de funcionamento desde o ano passado”, lamenta a diretora Josyaurea Atanázio, que dirige o Celestino Pimentel há cinco anos. A escola tem cerca de mil alunos. Segundo Josyauera, o valor repassado pela Secretaria para manutenção das escolas fica em torno de R$ 13 mil em uma única parcela e para todo o ano letivo. O cálculo é de cerca de R$ 8 por aluno por ano.

De acordo com o secretário Elias Nunes, o atraso se deve à dificuldades da gestão do Município. Em outras palavras, não havia dinheiro liberado na Secretaria Municipal de Planejamento. “Foi um ano difícil para as finanças do Município e os diretores e professores têm todo o direito de estarem chateados”, afirma Elias. O montante total de recursos é de R$ 1,3 milhão e a expectativa é que isso seja pago nas próximas semanas.